Passado mais de um ano desde que a COVID-19 chegou a Portugal e um ano sobre o primeiro confinamento, é tempo de refletir sobre a Liderança e sobre as aprendizagens e o caminho da Farmácia. Seguramente foram muitas as circunstâncias em que a Direção Técnica ou a Gestão da Farmácia se sentiu perdida, porque o rumo nem sempre foi certo, porque a liderança foi desafiada pela incerteza permanente ou porque a estratégia nem sempre foi vencedora…
E esta foi e é uma realidade que todos compreendemos bem!
Quanto mais desafiante for o contexto, maior a probabilidade de a Liderança não ser suficientemente eficaz. Mas isso não nos demite de darmos o nosso melhor, de readequarmos as estratégias as vezes que forem necessárias e de estarmos determinados a ser o Líder que a nossa Equipa precisa.
Quando nas Vendas queremos melhorar o Atendimento, aferimos junto dos Clientes o seu grau de satisfação. E o que nos impede de fazer o mesmo junto do Cliente interno, os nossos Colaboradores?
Já perguntou à sua equipa o que espera de si enquanto Líder? Talvez fosse um bom (re)começo…
Entendemos a Liderança como um ciclo de excelência, cuja vivência depende, naturalmente, do contexto do negócio, da maturidade e resposta da equipa e das tendências que o mercado dita.
Aqui ficam algumas dicas para pensarmos os 4 pilares de Excelência na Farmácia:
Visão Inspiradora
Espera-se que o Diretor Técnico / Gestor abra e mostre caminho, que contagie na direção do que pretende fazer e que seja competente, que saiba como lá chegar.
Mas espera-se também que viva um conjunto de valores a ponto de ser exemplo para Farmacêuticos e Técnicos, e que tenha o carisma suficiente para inspirar na equipa a confiança e a motivação para executar a estratégia.
E às vezes o líder anda tão preocupado a resolver os temas do dia-a-dia ou disperso a tentar agradar a todos, que se esquece de dar uma oportunidade à sua intuição e de ser ele próprio…
Há que ser autêntico, vislumbrar o que ninguém vê, ajudar a converter as desculpas em escolhas, arregaçar as mangas e fazer acontecer!
E porque, sobretudo agora, não há resultados imediatos… isso vai implicar muita resiliência e foco para não cair nos erros de sempre.
Há que soltar as amarras do que corre mal, não desperdiçar energia com o que não podemos controlar e caminhar com disciplina rumo ao que queremos atingir.
Paixão pelas Pessoas
Mas também há que saber que não chegamos aos resultados sozinhos…
Liderar é ter sentido de missão, é servir a Equipa, é fazer com os outros e pelos outros, se preciso for!
Por isso, é crucial que o Diretor Técnico / Gestor se envolva de corpo e alma, que dialogue com eficácia com a Equipa e que aprenda a gostar dela genuinamente.
E que desafio diário!
Mas não se consegue viver a Paixão pelas Pessoas sem humildade. A humildade autêntica é o que melhor capacita os líderes e todos sabemos que algumas ações valem mais do que muitas reuniões ou determinadas chamadas de atenção …
Nas palavras de Benjamim Franklin, “ser humilde com os superiores é uma obrigação, com os colegas uma cortesia e com os inferiores uma nobreza”.
Há também que promover jogo aberto, para que todos saibam com o que é que contam e o que podem esperar uns dos outros… E isso obriga à coerência e a muita transparência.
Não há dúvida nenhuma que a atitude altera comportamentos e que são os comportamentos que induzimos nos outros que impactam nos resultados da Equipa e da Farmácia!
Pragmatismo
Um bom Líder é o que através da Equipa alcança os objetivos, de forma sustentada.
Hoje já não dá para esperarmos até estarmos prontos para começar… até porque os números do negócio não nos permitem!
O mercado da Farmácia tem vindo a ajustar-se muito rapidamente, nomeadamente com o papel dos Serviços e a dinâmica na Comunidade em que nos inserimos e, muito precipitado pela Pandemia, com as novas áreas do online e do digital. Esta velocidade vertiginosa a que tudo acontece obriga, como nunca, a ciclos de decisão mais curtos e torna óbvia a necessidade de inovação constante, pelo que há que antecipar, agir, resolver e ser disruptivo todos os dias!
Se os tempos são de incerteza, é preciso usar da resiliência que desenvolvemos, abusar do pragmatismo e enfrentar as adversidades.
Haverá sempre risco, mas surgirão sempre oportunidades, pelo que há que garantir a flexibilidade, tomar decisões em função dos imprevistos e readequar a estratégia a cenários menos favoráveis, como o que temos vindo a atravessar…
E surgirão sempre conflitos de interesses, porque a Farmácia são as Pessoas.
Contrariamente ao que se tende a pensar, os conflitos são bons, mau é não os debelar… Às vezes está na divergência de perspetivas ou de opiniões o início da próxima oportunidade.
Gerir conflitos, tal como decidir assertivamente, implica um equilíbrio entre a dimensão emotiva, o intuito da inteligência e muita racionalidade.
É que neste “arregaçar de mangas” permanente, está o segredo de ter a equipa sistematicamente motivada e disposta a correr atrás da sorte… já que a sorte e o sucesso dão muito trabalho.
Crescimento e Superação
Por último, só tornamos o presente sustentável se, em simultâneo, tivermos a capacidade de pensar e preparar o futuro…
Nesse sentido, há que proporcionar continuadamente crescimento, que ajudar a desenvolver competências futuras por via da formação e do coaching e que delegar e desafiar mais toda a equipa, sejam Farmacêuticos, Técnicos ou TAFs.
E há que estar lá para a Equipa quando correr mal… errar faz parte do processo e sem risco não há crescimento!
Saber executar e monitorizar é tão importante quanto libertar potencial, ajudar a superar as dificuldades (e os resultados) e nutrir o desenvolvimento.
Afinal, a excelência na Gestão da Farmácia faz-se de comunicação constante, de muita resiliência e de uma boa dose de inspiração para que todos se consigam superar diariamente.
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