O nosso país, pelo que dizem as agências de rating, vale muito pouco. E aparentemente a grande maioria dos países da Europa está em vias de receber títulos semelhantes, o que agrava cada vez mais a frágil situação em que nos encontramos. E quando a situação já parecia tão desesperada, ainda se torna pior.
Os últimos meses, para quem gere uma farmácia, têm sido dos mais desafiantes. Se desde 2010 as coisas se têm vindo a alterar, houve agora um salto ainda maior e muitas vezes sentimos que a Farmácia onde estamos está de facto no lixo, ou que nos atiram para o lixo.
Mas nós acreditamos que não existem impossíveis e que estes se tornam todos possíveis se tivermos a persistência e a sagacidade de perceber os sinais, e enfrentá-los. Também acreditamos que o bom senso e a noção da realidade nos poderão ajudar a parar e a reflectir, tomando decisões importantes no futuro.
Quando trabalhamos com as equipas de farmácias, e como estamos de fora, conseguimos de facto encontrar algum “lixo”, um mais tóxico que outro, outro que é mais contaminante e algum que até poderia ser reciclado e não é… E não estou a falar dos sacos para devolução…
Lixo na comunicação
Vemos com muita frequência!
Em tempos de mais aflição, a comunicação dentro da equipa torna-se decisiva para o bem e para o mal. E devido ao stress, a comunicação falha por ser em excesso ou por ser deficiente. O lixo na comunicação são todas as frases que são ditas e que não contribuem para o moral da equipa, comentários menos necessários que servem para desmoralizar e que não ajudam a motivar.
É nestas alturas mais críticas que a comunicação tem de ser assertiva, directa à questão, sem rodeios e sem contaminações. Esse é o tipo de lixo que tem de ser eliminado.
Tenha a coragem de dizer à equipa o “real estado” das contas, as variações nas vendas, as apostas a perseguir, a margem que tem de aumentar. Não permita que se contaminem uns aos outros com mensagens negativas e menos claras. O mercado está a mudar e os clientes também, por isso também com estes modifique a sua maneira de comunicar. Seja afável, empático, construa relações de futuro.
Se na equipa a comunicação estiver a fluir, esse bom ambiente passa também para os utentes.
Lixo na motivação
Ou no espírito de equipa. Mais do que nunca é algo a não esquecer. As equipas estão mais aflitas e o ambiente está mais pesado em muitas farmácias, assim como no próprio país. Por isso, é necessário encontrar motivação nos pequenos nadas que vão acontecendo, pequenas vitórias e conquistas devem ser um pouco mais apreciadas:
– Os produtos de baixa rotação que conseguiram ser escoados
– A capacidade de transformar uma boa compra numa boa venda
– Celebrar um dia em que o número de atendimentos tenha sido particularmente elevado
– Ficar feliz porque se conseguiram rebater muitos pontos nos cartões das farmácias portuguesas
– Conseguir ter os serviços de aconselhamento de nutrição ou podologia sempre cheios!
E para todos os responsáveis de equipa que se sentem sozinhos e sem reconhecimento por parte dos seus colaboradores, até que ponto já partilharam com eles as vossas preocupações? Se não mostrar as suas preocupações com o futuro e se não der a conhecer as vulnerabilidades e por que razão precisa da ajuda dos seus colaboradores, eles não sabem como o fazer.
Lixo na estratégia
Este tipo de lixo é particularmente nocivo. Com a urgência de sobreviver, muitas farmácias estão a fazer más apostas, quer em termos de compras, quer de vendas, quer da estratégia em termos de recursos humanos.
Antes de mais, faça muitas contas, reúna com o seu contabilista e com a sua equipa. Procure planear com mais tempo as acções que vão permitir não só vender mais, como diferenciar a sua farmácia de todas as outras.
Não deixe o lixo apoderar-se da sua farmácia e da sua equipa. E sempre que for possível, destrua esse lixo e não o esconda debaixo do tapete.
Não vale a pena manter conversas que não são construtivas, estratégias que não estão centradas nos clientes, comentários que depreciam e não geram motivação.
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