Então não os trate como tal! Quando se tratam as pessoas como crianças, obtêm-se resultados de criança.
Às vezes é-nos mais fácil lidar com a nossa equipa como lidamos com os nossos filhos… Mas, afinal de contas, quantos filhos tem ou quer ter?
Curiosamente, são ainda muitas as Farmácias em que nos deparamos com modelos de liderança paternalistas, num misto de protector e controlador, onde a dependência do Director Técnico /
Gestor e o grau de autonomia continuam a dar que falar…
Controlar ou desafiar?
Um dos temas que invariavelmente surge nas Equipas e gera ruído é as consequências de se permitir o acesso à Internet, ao Facebook e afins. É verdade que estes podem ser factores de distracção, mas ao longo de 8 horas de trabalho ninguém retorna 8 horas de produtividade absoluta.
O que ganhamos por inibir o Facebook ou o chat durante o horário de trabalho? Nada! Quem estiver em maré de distracção, vai arranjar outra coisa para se distrair… Além disso, também não me parece que queira gastar dinheiro em software de vigilância, ou andar a fazer de polícia e a gastar tempo a controlar o que o software gravou.
As pausas e as distracções pontuais são necessárias a qualquer um de nós, sejam quais forem, para depois nos concentrarmos com redobrada atenção. Só não é para estar distraído com o utente à frente nem fazer as pausas aos pares, como eles tanto apreciam (quando damos por nós, saíram todos do balcão…)!
Numa altura em que sabemos indispensável promover a autonomia, não são poucas as equipas em que quer os Farmacêuticos, quer os Técnicos, continuam a pedir autorização para tudo, desde a mais ínfima das entradas no pedido diário, à anulação da venda, aos 10 minutos do horário que vai trocar com um colega, ou para fazer algo em termos de marketing diferente do instituído. Há até quem já se tenha questionado em colocar um temporizador na casa de banho, com receio que vão para lá perder tempo a ler revistas…
Visto de fora, de olhos postos nos exemplos de outros, é mais fácil de analisar e pode até tocar o limiar do caricato… Mas já se deu conta de como é que anda a tratar os seus colaboradores?!
É que não confiar sai muito mais caro!
Se é preciso pedir licença para tudo, cria-se uma cultura de gente que não pensa e que não se esforça por encontrar outras respostas e soluções. É esta cultura do “não-tenho-confiança-em-ti” que queremos que se viva na nossa Farmácia?!
Quer fazer manuais de procedimentos do que não se deve fazer, ou quer ter as suas pessoas envolvidas em projectos interessantes?
Bem vistas as coisas, fazemos-lhes a papinha toda ou ajudamo-los a crescer?
Então, dê-lhes asas…
… ou um par de ténis, como já vi um líder carismático de uma equipa fazer. Nessa Farmácia, cada elemento da equipa recebeu um par de ténis, para correrem atrás do futuro mais depressa e mais bem preparados. Foi brutal o sentido de pertença que isto gerou, quando foi apenas uma ideia diferente com um forte simbolismo e que acabou por ser tão simples de concretizar…
Invista ainda hoje, porque o melhor investimento que pode fazer é nas pessoas.
Envolva cada um no rumo que a Farmácia quer seguir, garanta que chega à fala com cada colaborador frequentemente (e chegar à fala não é por mail…), acompanhe mais e controle na medida do necessário.
Não há dúvida de que precisamos de asas para voar para um determinado destino… e hoje voarmos sozinhos, distantes na nossa missão de liderança, não é mais adequado ou suficiente. Todos os outros elementos da equipa têm que voar também!
Podem nem vir todos a voar mais alto, mas precisamos que voem todos melhor (ou mais rápido).
Há sempre pelo menos dois tipos de pessoas nas equipas:
– as águias, que voam lá no alto, que pensam para a frente, que inovam e criam, que têm rasgos fantásticos, que se perdem, que dão trambolhões, que são espicaçadas e disparam em voo rápido;
– as gaivotas, mais perenes, de resultados consistentes, seguras, de voo ágil e equilibrado, menos aventureiras, mas muito exigentes.
Quais são as melhores para ter na sua Farmácia? Quais são as melhores para ter ao balcão? E no back-office? Quais é que se tornam melhores líderes?
Precisamos das duas vertentes, e todas têm que se sentir a crescer! Umas pensam outras dinâmicas de marketing, acções diferenciadoras, novos serviços; outras conquistam mais a confiança e o reconhecimento dos utentes; umas inspiram ou ousam mais em momentos chave; outras são organizadas e certinhas, mais constantes nos resultados, dando consistência aos nossos processos de qualidade.
Precisamos do melhor das águias e das gaivotas, porque é a diversidade que nos leva para a frente. E quanto mais flexíveis tivermos a capacidade de ser, melhor chegamos ao cliente, ou os seus utentes não são todos diferentes?!
E o melhor de hoje será um “melhor maior” daqui a 6 meses, se o colaborador abraçar novos projectos, se for retirado da zona de conforto, se for desafiado no tempo a dar outro tipo de resposta, num pressuposto de que é acompanhado para tal sempre que for necessário, ou mesmo pressionado, porque às vezes também é preciso!
O coaching não é uma moda, muito menos uma tendência, é uma necessidade real de hoje para, de forma estruturada, “puxar” ou “espicaçar” o processo de crescimento de cada colaborador, dar consciência aos objectivos que cada um pretende perseguir, ver como lá quer chegar e identificar os recursos de que precisa para o efeito.
E confie, é que tal como os nossos filhos, a equipa também cresce num ápice! Mesmo que os 7 aninhos deixem outro tipo de saudades…
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