Entre uma montanha russa e um carrossel o que seria melhor? Este ano tanto temos de um como de outro. Quando mencionamos um carrossel, é porque de facto a vida muitas vezes é um verdadeiro carrossel. Não só andamos de cima para baixo, como não vamos a lado nenhum e continuamos a passar em círculos pelo mesmo lugar.
Em 2020 fomos brindados com montanha russa e sem final à vista. Estamos agarrados, uns com mais medo que outros, esperando ansiosamente que a montanha russa abrande de velocidade, sem grandes subidas ou descidas vertiginosas.
Mas acontece que neste contexto de montanha russa, vemos muitos responsáveis de equipas de farmácia a comportarem-se como se ainda estivessem no carrossel.
Quer uma prova?
Quantas vezes prometeu a si mesmo ser este o último ano em que não fazia uma avaliação de performance à equipa e depois veio o covid e deixou de ser possível?
Quantos meses já passaram desde as últimas metas pessoais e profissionais que estabeleceu para si ficaram esquecidas na gaveta? Provavelmente desde março a sua vida ficou um pouco em standby…
O contexto que vivemos torna tudo difícil, mas com ou sem covid temos de continuar a procurar caminhos e estratégias. Evitar as dificuldades é impossível e provavelmente não queremos escolher nem o carrossel nem a montanha russa.
Mas então como escolher a viagem? E que viagem escolher. Nunca uma liderança forte foi tão necessária para atravessar este mar das tormentas. As equipas necessitam mais do que nunca de um timoneiro seguro, que partilhe as inseguranças, que seja humano mas ao mesmo tempo otimista num futuro que será melhor.
Em vez de carrossel ou montanha russa, prefiro a analogia do rafting. Quem andou de rafting poderá entender na perfeição esta semelhança, mas a quem nunca andou deixo algumas considerações importantes:
- O ponto de partida e chegada são diferentes, sendo que normalmente a partida é suave e podemos chegar a uma meta localizada mais à frente e num local mais amplo, maior. É importante ter paciência e fazer bem os pequenos passos, pois a recomepns irá chegar e será melhor do que o esperado.
- Cada barco leva uma equipa, todos posicionados à direita e esquerda consoante o “jeito” e o timoneiro pode ir à frente ou atrás do barco. Não importa a constituição física ou força de cada um, basta empenho e foco. Nas equipas necessitamos de todos, com mais ou menos jeito para alguma das tarefas, com competências diferentes para assim poderem colmatar as dificuldades e trabalhar verdadeiramente em equipa
- A viagem terá percursos mais sinuosos e algumas quedas de água mais rápidas, mas a adrenalina até revigora o espírito e torna a viagem mais fantástica. Neste momento os rápidos e quedas de água sucedem-se de forma vertiginosa, daí ser necessário o foco o otimismo para podermos depois apreciar quando o caminho for mais calmo.
- Um dos pontos fundamentais é a comunicação. Do líder do barco para toda a equipa e desta para o líder. As ordens têm de ser cumpridas, mesmo no receio de que o barco vire ou fique preso. Tem de haver por isso, uma confiança absoluta das ordens que são dadas, pois só assim a equipa aceita cumpri-las. Os líderes das equipas têm de ser fiáveis e de confiança para poderem envolver a equipa e levá-la a bom porto.
- Existem regras a cumprir e do seu cumprimento depende inclusivamente a sobrevivência. O cuidado quando se cai em águas bravas é fundamental para assegurar que tudo corre bem, mesmo em caso de perigo. Manter a calma, a posição e a protecção da cabeça são factores fundamentais, e mesmo numa situação perigosa, a calma tem de imperar. Cumprir regras é fundamental, mas dar também liberdade à equipa em situações menos críticas é importante para assumirem novas estratégias e crescerem pessoal e profissionalmente.
- Já reparou que a força com que rema não o faz chegar mais longe? Fazer andar o barco correctamente, depende apenas da sincronização das pagaias e não da força com que são empurradas. Se todas estiverem a entrar na água ao mesmo ritmo, o barco avança de forma ritmada e sem problemas…mesmo em águas bravas.
Foco, liderança, voz de comando e confiança fazem a Farmácia avançar.
Por isso há viagens que podem ser tão interessantes como estas sem ser com altos e baixos vertiginosos e agoniantes, para alguns, e sem ser em rotativo, com toda a monotonia que isso traz.
Crie uma equipa preparada para pensar o futuro na farmácia e construa um conjunto de procedimentos e regras a seguir para que todos saibam para onde vão.
Motive a equipa e esteja atento aos mais fracos e aos mais preocupados. Empatize com eles e perceba que nem todos lidamos da mesma forma nesse contexto. Mas se criar uma cultura de comunicação saudável não será surpreendido. Esteja atento à motivação de cada um.
Envolva toda a equipa sob uma voz de comando, não na base do “grito”, mas na base do envolvimento, responsabilização e inclusão a 100% de todos.
Estas águas bravas serão o “novo normal” durante uns tempos, por isso, treine com a sua equipa, ajude-os, continue a pensar em objetivos e no foco no cliente, continue a estar presente e a motivar a equipa.
Nós na Ideias&Desafios continuamos a ajudar líderes e equipas de farmácia a conseguir dirigir o barco em águas bravas, com o maior cuidado, tentando preparar todos para os sobressaltos e prevenindo quedas.
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