De Farmacêutico para Farmacêutico
Que sensação tem quando entra numa loja de roupa já no fim dos saldos? Com tudo misturado e sem muita organização? Que sensação lhe dá? E que sensação tem quando entra numa loja onde consegue perceber a organização e consegue facilmente encontrar o que procura? Onde a roupa de senhora está separada da de homem e da de criança!?
É mais fácil entendermo-nos quando as coisas estão organizadas por categorias.
O mesmo se passa na sua farmácia.
É importante termos as categorias de produtos bem definidas e identificadas. Bebé e mamã de um lado, cosmética de outro, homem, ortopedia, veterinária, etc. Quando as diferentes zonas estão bem diferenciadas e demarcadas, é mais fácil para o utente encontrar o que procura. Depois, basta organizar tudo dentro de cada categoria. Não faz muito sentido colocar a mesa onde medimos a tensão arterial ao lado dos produtos de bebé, nem a mesa para as crianças brincarem ao lado de veterinária. Já pensou nisto?
A melhor maneira para percebermos como está a nossa farmácia é entrar pela porta principal com “olhos de utente”. Entrar e perceber o espaço, como se fosse a primeira vez que ali entramos. Conseguiríamos facilmente encontrar o creme de rosto da marca que queremos?
Quase todos nós temos uma tendência ao entrar numa loja – circular pelo lado direito. Desta forma, o lado direito é uma zona mais quente que o esquerdo, com mais potencial de venda. Devemos aproveitar este normal circuito para expor do lado direito as categorias que mais rentabilidade nos dão.
Aproveita-se esse exercício de estar fora do balcão para perceber qual o percurso feito pelos utentes. Vão directamente para o balcão? Têm lineares/gôndolas como obstáculo? Ficam parados em fila atrás do balcão ou andam pela farmácia enquanto esperam? O percurso feito pelos utentes influencia bastante as vendas, principalmente as por impulso.
Se o utente vai directamente para o balcão, sem ter de passar por nada, então deveríamos pensar em colocar barreiras, quando a farmácia tem dimensão para isso, que o levem a ter de passar perto dos lineares. Essas barreiras podem e devem ser gôndolas/lineares móveis. Assim, “obrigamos” os utentes a verem o que lá está exposto, quer na gôndola, sendo que aí devemos ter as promoções ou produtos sazonais, quer nos lineares por onde têm de passar.
Voltando às compras por impulso, como já sabe, o melhor local para expor esse tipo de produtos é o balcão. Enquanto o utente espera, tem tendência para ver o que está exposto de lado. Mas nesta área é preciso ter cuidado! Nada de colocar tantos expositores que nos impeçam de fazer um bom atendimento, ou que nem consigamos ver a cara do utente. Os balcões devem ter poucos expositores, temos muitos meses no ano para os fazer rodar. Devemos escolher os expositores de acordo com os produtos em promoção, ou prolongamento da montra ou sazonalidade. Batons de cieiro no verão não fazem muito sentido.
Quanto mais organizada e com aspecto “clean” estiver a sua farmácia, melhor.
Mas para desorganizar um pouco as ideias, vou-vos falar de um efeito muito interessante do marketing, o efeito da “organização desarrumada”. Está estudado que áreas muito desorganizadas são uma atracção para os consumidores. O melhor exemplo disto são as feiras, em que existe um certo prazer em procurar uma t-shirt engraçada no meio do monte da roupa a 5€. Vasculhar e ver tudo o que está no monte. O mesmo se passa em lojas muito conhecidas e visitadas em época de saldos.
Esta técnica pode ser utilizada na sua farmácia, mas com cuidado. É boa para vender os “monos” que quer despachar. Aqueles produtos que tem perdidos pela farmácia. O ideal é utilizarmos um cesto em acrílico onde fazemos a mistura dos vários produtos em promoção.
Mas qual a melhor forma de manter a farmácia organizada, arrumada e com os lineares repostos?
Em primeiro lugar deve definir bem as zonas onde quer expor cada categoria. Já sabe que deve ter em conta as zonas frias e zonas quentes, o circuito feito pelos utentes, as categorias (ou famílias) de produtos e as promoções e sazonalidades. É importante lembrar-se que pode não “acertar” logo à primeira na exposição mais rentável, mas isso não é nenhum problema.
Muda-se as vezes que forem precisas.
Depois o melhor é atribuir a cada membro da equipa uma categoria. Cada um terá de cuidar dos “seus” lineares, fazendo a devida organização e reposição.
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