Já deve ter tido a experiência de cortar as pernas a um banco para que este fique mais nivelado. Aposto ainda que, depois de cortar a primeira perna, verificou que estava um pouco mais curta que as outras, e assim começou a cortar uma a uma até estarem com o comprimento perfeito.
No final o que acontece sempre? Após umas horas de trabalho de medição e cortes, chegamos sempre à conclusão que mais valia não termos começado a cortar.
Nas empresas acontece o mesmo e na conjuntura actual as farmácias enfrentam desafios enormes. Os cortes nas margens são muito grandes, por vezes é difícil suportar os custos e as decisões em tempos de “sufoco” nem sempre são as melhores.
Mas a nossa pergunta é sempre a mesma: será que está a fazer os cortes certos?
Não poderá dar-se o caso de estarmos a cortar a “perna do banco” errada?
Observamos muitas vezes que os cortes podem ter consequências desastrosas. Resolvem o curto prazo em termos de liquidez financeira, margem e muitas vezes encargos, mas depois hipotecamos o futuro com a nossa acção. A razão está muitas vezes no facto de os cortes serem nos sítios errados.
Senão, analisemos alguns exemplos de bons e maus cortes e veja o que pode estar a provocar na sua empresa em termos de garantia de futuro.
Cortes nos Recursos Humanos
Pois, muitas vezes é por aqui que se começa… a tentação é grande, pois é um custo muito pesado. Mas será que estamos a fazer o mais lógico? Para certas farmácias, entendemos que é a única solução, pois o movimento decai abruptamente e não existe capacidade instalada para manter toda a equipa. Mas antes da decisão têm de ser ponderados os prós e contras.
Do nosso trabalho com farmácias ao longo destes últimos anos, observamos que nem sempre sai a pessoa correcta. Verificamos que, por vezes, rearranjar horários pode ser uma outra opção a considerar e, eventualmente, ponderar deixar de estar tantas horas abertos.
Os custos de perda são elevados, não só para quem sai, obviamente, mas acima de tudo para quem está à volta, podendo criar uma onda de choque que destrói a confiança e motivação no futuro.
Cortes no Horário
Claro que quanto mais horas estiver uma farmácia aberta, mais factura. No entanto, a questão paira sempre no ar: será que compensa?
Como a maioria das farmácias tem de recorrer a colaboradores extra ou aproveitar os existentes na equipa, existe sempre ou um custo extra ou um cansaço extra na equipa. Se for uma farmácia de Shopping, não há muito a fazer, mas já com as de rua, talvez a situação mereça ser vista de outro modo.
Se está sem saber se corta ou se aumenta no seu horário de atendimento, sugerimos apenas que faça umas contas:
– faça uma estimativa dos clientes que poderá ganhar ou perder com o corte ou aumento de horas de atendimento
– se souber qual o seu valor médio de venda, sabe quanto perde ou ganha
– os sistemas informáticos dão uma estatística de frequência na farmácia interessante, observe-a
– veja quanto tem de custos caso abra ou feche durante algumas horas. No caso de abrir, já sabe que tem pelo menos de multiplicar por 5 os custos mensais para saber quanto tem de facturar no mesmo período de tempo.
– envolva a equipa; se os elementos da equipa estiverem ao corrente das dificuldades, poderão agir de modo a apoiar e ajudar ao sucesso da farmácia.
Cortes na Formação
Se estamos com pouca liquidez, se o mercado está exigente, então tudo o que for para além do estritamente necessário é normalmente “cortado”. As horas de formação são obrigatórias, mas, para reduzir custos, aposta-se muitas vezes em formação que não está adequada a quem a recebe, só para cumprir os requisitos.
Sabemos que as equipas das farmácias são bombardeadas com acções de formação e isso é extremamente positivo. Mas antes de enviar os seus colaboradores à formação, elabore um Mapa de Formação para cada um. Uns terão mais necessidades de formações nos éticos, outros de dermocosmética, outros de OTC, enfim… consoante as necessidades de cada um, assim se vai alocando a formação.
Mas se, mesmo assim, a coisa está complicada para disponibilizar as pessoas para formação, promova as mesmas DENTRO da equipa. Se um deles vai à formação, terá mais do que capacidade para dar uma mini formação interna. Esta maneira de dar formação é menos dispendiosa e pode contribuir para a motivação de quem a dá e de quem a recebe.
Outros pequenos cortes
Sempre ouvi dizer que grão a grão enche a galinha o papo. Nem imagina onde podemos desta feita cortar em custos extra sem prejudicar ninguém. Reveja os planos de pagamento de clientes e fornecedores, reveja todos os custos de redes móveis e fixas e procure consultas de valores, de modo a ter a melhor oferta.
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