Aproveitando o mote deste desafio que tem inundado de fotos as redes sociais nos últimos tempos, vamos lá sair de nós, das diferenças na moda, da chegada dos cabelos brancos e das rugas e de alguma curvinha de bem-estar que o tempo possa ter trazido, e pensar de forma mais abrangente no que mudou entre 2009 e 2019.
Em 2009 acabava de surgir a TV HD, não se falava de redes sociais e os smartphones eram um vislumbre para a maioria das pessoas; nesse mesmo ano, assistimos à morte de Michael Jackson, à tomada de posse de Obama e o mundo começava a reerguer-se da queda do gigante financeiro Lehman Brothers.
Em Portugal, nesta década, presenciámos a maior crise dos últimos 80 anos, o salário mínimo subiu de 450€ para 600€ e as melhorias mais interessantes parecem ter-se registado nas exportações e no turismo. Foram muito os mais jovens que se viram obrigados a emigrar porque, ainda que licenciados, não encontraram no nosso país as oportunidades profissionais que procuravam.
O mercado da Farmácia comunitária não foi alheio a esta crise, sobretudo em 2011-2012 e, depois da chegada das margens regressivas, os desafios não mais pararam…
E na sua Farmácia, o que mudou? Que alterações foram necessárias à forma de trabalhar?
Negócio
A realidade empresarial desenrola-se hoje a uma velocidade vertiginosa. O paradigma do conhecimento mudou mais na última década do que nos 20 ou 30 anos anteriores…
As Farmácias viram-se obrigadas a dar um salto tecnológico para inovar e garantir a sua competitividade no mercado, a flexibilizar horários, a repensar a estrutura de pessoal e o modelo de negócio, incluindo a abordagem às compras.
A Farmácia deixou de ser um espaço de doença para passar a ser um espaço de saúde e bem-estar, em busca da sua sustentabilidade económico-financeira, a exposição ganhou outra importância, e começou a desenvolver-se uma cultura de maior proximidade com o cliente, assente em diversas iniciativas de marketing na Farmácia e na Comunidade.
O próprio cliente alterou os hábitos de consumo e exige hoje que a Farmácia lhe responda para além dos canais de comercialização presencial. Surgiram as vendas on-line, os catálogos de compras e foram repensadas as entregas ao domicílio.
O digital em geral mudou a forma como a comunicação é feita com um impacto significativo no Marketing, já que o mundo está cada vez mais interligado e que a conectividade dos consumidores é permanente.
Também a Farmácia tem atualmente de chegar ao cliente, captar-lhe a atenção, despertá-lo para outras necessidades, passando a mensagem de forma eficaz e no formato que o consumidor quer ouvir / ver.
Será que na nossa Farmácia soubemos identificar o potencial desta transformação digital?
Equipa
O salto tecnológico, a par da realidade de termos quatro gerações de colaboradores a trabalhar em simultâneo, veio colocar um desafio acrescido ao dia-a-dia da Farmácia. Nunca como agora a Farmácia ouviu falar em atração e retenção de talentos ou sentiu o recrutamento e motivação e a liderança da equipa tão desafiante.
As Empresas necessitaram de aprender a lidar e a saber tirar o melhor partido da multiplicidade geracional, dos Baby Boomers (muitos deles ainda os atuais Diretores Técnicos da Farmácia) aos recém-chegados mileniais, potenciando o que cada um tem de melhor, sem descurar que todos têm fatores motivacionais muito distintos.
Para os mais velhos, as alterações tecnológicas, as mudanças constantes das regras e dos procedimentos e a irreverência e facilitismo dos mais jovens, gera uma ansiedade constante e a sensação de que tudo é virtual, acontece rápido demais e que, por isso, é pouco sedimentado.
Para os mais novos, fãs da conectividade, e para quem todo o conhecimento está à distância de um clique, fortes apologistas do equilíbrio vida pessoal / vida profissional, a cultura da Farmácia, a estratégia, a complexidade dos processos e a experiência dos mais velhos pouco parecem dizer…
E esta convivência veio alterar a forma como se delega, orienta e controla trabalho… A Farmácia teve que tornar-se atrativa para o cliente externo – o utente – e para o cliente interno – o colaborador – para que consiga angariar e reter nos seus quadros os melhores Farmacêuticos e Técnicos.
A própria abordagem à formação enriqueceu-se para além da formação presencial em sala, com outras vertentes formativas de alto impacto que permitam incrementar o conhecimento e capacidade de aplicação imediata das aprendizagens por cada colaborador, como o Coaching Individual ou o e-learning.
E será que soubemos adequar a nossa estratégia de Recursos Humanos às exigências desta nova realidade?
EU
Ui… pronto para a reflexão mais desafiante?!
Para quem anda nestas andanças há pelo menos 10 anos, como mudou enquanto EU líder, EU colega, EU colaborador, EU prestador de serviços, EU em todos os papéis?
Em que medida é que as novas ferramentas agilizaram a forma como trabalha e como acede à informação, ou influenciaram a sua relação com a equipa e com o cliente?
Como convive com as outras gerações? Soube combinar adequadamente as exigências do salto tecnológico com as exigências emocionais no relacionamento com a sua chefia, com os colegas ou com os elementos da equipa que lidera?
Como anda a sua pegada digital? Como é que ajuda a dar a conhecer a Farmácia ao mercado, com que conteúdos contribui nas redes sociais? Faz por tornar a farmácia atrativa para quem recruta?
Efetivamente, estamos sempre a dizer que mudar é bom e necessário, mas será que tirámos o melhor partido da última década?
A melhor forma de começar é sempre agora, por isso… vamos lá dar o salto?!
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