Já se deu conta de que cada vez que começa a achar que agora é que vai tudo acalmar, que o que tinha planeado está a acontecer e que vai finalmente poder relaxar um pouco e abrandar o ritmo, é justamente quando o novo turbilhão acontece?!
É assim no plano pessoal, e no plano profissional nem se fala!
Efectivamente, num mercado como é hoje o da Farmácia, em que o que é certo hoje leva uma reviravolta no mês que vem, não precisaremos sistematicamente de traçar novo rumo? O que nos impede, enquanto líderes, de fazermos os nossos colaboradores virarem-se do avesso?!
O ser humano nasceu para vencer e, por isso, a cada turbilhão nós readaptamo-nos, reinventamo-nos e, nem que seja preciso, viramo-nos do avesso para seguir em frente e descobrir um novo caminho.
E se, em vez do habitual “estás mal, muda-te”, ousássemos uma abordagem “estás bem, muda-te”…?
É que, curiosamente, todos sabemos que conforto a mais geralmente dá asneira.
Vamos a exemplos muito comuns desta situação?! Quando a equipa é a mesma há muito tempo, quando as estatísticas à nossa volta são piores do que a nossa realidade e, porque o mercado decresceu 9%, nós que só decrescemos 4% achamos que não é assim tão mau, quando temos mais ou menos os mesmos atendimentos – pena é vendermos em média menos 1,5€ a cada um – quando só conseguimos verificar 4 páginas de validades, mas vemos as outras 3 para o mês que vem, quando o receituário está atrasado mas fazemos a noitada do costume…
Pois… Se estamos pressionados pelos resultados, não estará na altura de pormos pressão sobre nós mesmos? De nos obrigarmos a fazer diferente?
Turbilhão precisa-se!
É verdade que as nossas necessidades humanas andam de braço dado, que precisamos de certezas, como a saúde, o emprego, a remuneração ou o equilíbrio emocional, mas também precisamos de algum nível de incerteza para trazer aquela adrenalina ou funcionar como uma espécie de especiaria na nossa vida.
Um trabalho rotineiro ou repetido pressupõe menos risco (admitindo que continua a ser garantido, tal como sabemos que os elementos das nossas equipas o consideram…), mas não gera crescimento, não impele a pensar e agir fora do quadrado.
Na verdade, o dia-a-dia pode ser mais rotineiro, a responder às questões e aos problemas dos nossos clientes, mas será que responde aos nossos “a médio prazo”? É que não acresce desafio, não proporciona aquela realização de darmos um passo em frente para o desconhecido e termos sucesso…
Estarmos confortáveis no que fazemos é morno, acomoda-nos, não nos faz fazer a diferença… e quando não fazemos a diferença para dentro, jamais conseguiremos fazê-la para fora, e levar algo diferenciador aos nossos utentes. Talvez seja por isso que, às vezes, nos damos conta de que outras Farmácias já o fizeram, ou já têm implementada aquela ideia que nós tivemos mas que abandonámos porque considerámos demasiado ousada ou não tivemos “tempo” para a fazer acontecer…
Num evento que realizámos recentemente, tivemos como convidado um Director de RH a falar da realidade da sua empresa na área da Liderança e que partilhou que sempre que na sua equipa alguém estava a ficar bem, ele agitava e trocava-a de função / departamento.
Curioso, não?!
O que nos impede de antecipar as mudanças de que precisamos na nossa Farmácia? Quando não se está a ter os resultados pretendidos ou estes não surgem como tanto desejávamos, porque haveremos sempre de culpar o mercado sem ousarmos intencionalmente preparar outra resposta enquanto Equipa primeiro? Procurar proactivamente outro caminho pode resultar melhor do que esperar pelo que as combinações cósmicas nos tenham eventualmente reservado…
Se o turbilhão ajudar a reinventar as vendas, a diferenciação pelo serviço, as acções de marketing, a gestão do back-office… não será fantástico?
Precisamos de resultados diferentes, por isso não temos senão a escolha de fazer melhor. E não há como consegui-lo sem que todos, sem excepção, se superem. Mas, para isso, temos de os espicaçar, de os incomodar salutarmente, de desafiar mais!
As coisas mais simples, como rodar tarefas ou rodar os colaboradores pelos diversos balcões, fazem-nos calçar os sapatos do outro, ver as coisas por outra perspectiva, aguçar a perspicácia, obrigam cada um a sair da zona de conforto. Leva os elementos da equipa a sentir que não sabem tão bem ou que não dominam tanto aquela outra actividade, e isso implica descobrir, aprender novas coisas, questionar mais, sentir a necessidade de falar com os colegas… e fazer parte da solução!
Depois da tempestade vem a bonança…
O ciclo da bonança é agora cada vez mais curto (e escasso!), todos sabemos, mas é importante que tenhamos a capacidade de o marcar, de consolidar, de o celebrar e partilhar em equipa.
Os sucessos, por mais pequeninos que sejam, alimentam a motivação e tornam-nos mais fortes e preparados para a próxima tempestade!
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