Se nos deixarmos contagiar pelo panorama, parece que não faltaria muito para estarmos à beira de um ataque de nervos… Temos sempre a outra opção, a de olhar para a situação de frente, analisá-la criticamente, e ver o que está ao nosso alcance mudar, abandonar ou introduzir de novo.
Podemos queixar-nos das nossas dores e ficar à espera que passem, ou podemos ver quais são os remédios de que precisamos… pelo menos para impedir que o estado não se agrave!
Nos nossos programas de acompanhamento junto das Farmácias, sobretudo no último ano, temos vindo a constatar de forma muito clara que entre as dores típicas estão as Vendas e a Motivação e Coaching às Equipas. Quando estes pilarem abanam, é muito difícil edificar tudo o resto…
Dor = Vendas
Ainda que cada um dos recursos da equipa esteja convicto que dá o seu melhor, o cerne da questão é se dão o que sempre deram ou se estão efectivamente a dar o que a Farmácia precisa. É por isso que é determinante clarificar e partilhar objectivos e linhas de actuação, para que cada elemento da equipa trabalhe de forma focalizada e em linha com o que se pretende atingir ou fazer.
Ainda que as equipas tenham uma noção clara de que o mercado e os utentes mudaram, será que efectivamente se adaptaram o necessário? Quando recentemente partilhavam comigo numa formação de Vendas a afirmação – “Sou Farmacêutica, não sou comercial” – não resisti a questionar aquela pessoa se acha que efectivamente alguém hoje se pode dar ao luxo de ser só Farmacêutico. Se o mercado mudou, a postura e atitude têm que ser ajustadas pelo menos de forma igualmente rápida…
Depois temos outra limitação transversal… Quem é que se lembrou de disponibilizar a palavra “impingir” no dicionário?! É que o nosso subconsciente às vezes não nos ajuda. Porque é que não acreditamos no produto ou no serviço? Porque é que 3 produtos é muito ou 30€ é caro? Claro que é preciso estar focado para fazer boas perguntas e podermos ouvir a resposta que precisamos ouvir. Claro que é preciso cruzar vendas e criar ou alargar necessidades em conjunto com o utente. Para sermos assertivos temos que estar muito atentos, muito orientados aos resultados de que tanto precisamos, e sim, toda a Equipa.
Falar de atendimento de excelência é uma buzzword que por aí circula e que todos almejam, mas às vezes o que está por detrás deste chavão fica um pouco no ar. Já experimentou definir na sua Farmácia, com a sua Equipa, e em termos práticos, em que é que isso se traduz no vosso contexto específico? Mimar e exceder expectativas, ter respostas rápidas, sorrir, escutar, antecipar objecções (os utentes estão mais (des)informados, mas não convém que saibam mais que nós), ter pharmadrive, ter aquele serviço que mais ninguém tem, entregar ao domicílio, e tudo o que vos der a vantagem competitiva de se diferenciarem.
Dor = Motivação e Coaching da Equipa
E quando às 9h15 se esgota a vontade de sorrir? “Ai, andamos todos tão desmotivados…” é o desabafo na ordem do dia.
É verdade que um líder desmotivado não contagia positivamente ninguém, mas aqui está outro luxo… Não será minha responsabilidade motivar-me?! Enquanto líder, enquanto Adjunto, enquanto Técnico, enquanto responsável pelo back office?
O “Eu motivo-me!” é uma escolha que cada um precisa de ter, antes que fique desmotivado por não ter onde trabalhar às 9h15… Nós fazemos as oportunidades e cada elemento da equipa tem que estar bem ciente disto.
E enquanto líder, que coaching estou a fazer à minha equipa? Debito a informação e o que é para fazer ou comunico? Consigo escutar o suficiente? Questiono e desafio o necessário? Estou a ajudá-los a crescer, a enriquecer-se e a desenvolver competências ou ainda acho que “agora não dá”? Estou a pedir-lhes mais ou a dar-lhes mais? Quando peço uma excepção, dou de volta?
E que espécie de líder sou, que estilo de liderança adopto? Dou o exemplo? Dou o exemplo que gostaria de receber? Lidero de forma assertiva, com o rumo bem definido, ou concilio a vontade de todos, para não melindrar ninguém e ficar tudo bem? É que se não houver objectivos a perseguir, não sabemos onde queremos chegar e, se tal acontecer, jamais teremos cada um a saber o que esperam de si…
Com que frequência reúne com a sua Equipa? Eu sei que está à espera que voltem todos de férias, mas isso é quando? Marque a data, comprometa-se, o que tiver que ser preparado (e por quem) vai surgir. Não espere por ter algo grandioso para comentar ou juntar várias boas notícias para partilhar. Também é preciso encararmos o menos bom, ter a capacidade de o partilhar, fazer as nossas aprendizagens, e comprometermo-nos com as medidas correctivas, ou não concorda?
Trate das suas dores antes que elas tratem do seu negócio!
Ajude-nos a melhorar deixando a sua opinião sobre o tema: